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Enzo nasceu em Roma, na Itália. Nunca teve poder real em nada, literalmente nunca. Quando nasceu, já tinha um irmão com cerca de 7 anos de idade. Conforme crescia seu irmão mandava nele e ele era obrigado a obedecer, já que sua mãe e pai estavam mais ocupados bebendo e jogando do que cuidando dele. Quando algo acontecia, não importava o que, a culpa era sempre de Enzo. Isso o frustrava, o marcava, ainda que não ligasse muito pois no fim das contas ainda era uma criança com raciocínio muito básico para entender qualquer coisa da vida. Engana-se quem pensa que Enzo descobriu que havia algo de errado com ele somente depois de adulto. Desde pequeno sempre teve uma predisposição de achar graça na dor, torturar gatos da vizinhança era seu passatempo predileto. Ainda que não notasse, ele estava começando a se moldar. Obviamente, fazia tudo aquilo de modo inocente, sem pensar nas consequências. Imaginava que todas as crianças eram iguais a ele.

Pelo menos pensava isso até que teve de começar a frequentar as aulas. Aí notou de vez: Definitivamente era diferente dos outros. Enquanto os garotos passavam seu tempo tentando conquistar garotas e falando sobre esportes e carros, Enzo preferia se isolar para continuar com sua rotina de eterna tortura de pequenos animais. Nessa época começou a desenvolver um pouco de sua lábia também, era uma criança com oratória e poder de convencimento impressionantes para alguém de sua idade. Convencia os outros de que estava ocupado demais fazendo "coisas importantes" para que pudesse evitar as festinhas e eventos sociais. Tudo para que continuasse com sua rotina de sempre sem ser incomodado. As agressões físicas de seus pais nem doíam mais em seu corpo, havia se acostumado. De fato, até mesmo gostava da dor. Ela fazia com que ele se sentisse vivo de algum modo estranho.

Enzo sempre foi brilhante, com as melhores notas da turma e com uma velocidade de aprendizado monstruosa. Aprendia tudo o que lhe interessava e isso chamava bastante a atenção de seus professores, estes que viviam tentando lhe empurrar bolsas de estudo e afins. Porém, nada parecia lhe chamar a atenção. Cresceu assim, jogado em um mar de dúvidas. Estava crescendo mas não conseguia achar nada que conseguisse gostar mais do que tortura e sofrimento. Aquele impulso de querer matar tudo o que era vivo estava entranhado em seu coração. Resolveu começar a praticar esportes para desviar sua atenção para algo. Não era tão ruim assim, bater nas pessoas de graça e pedir desculpas era o suficiente. Conseguia canalizar toda sua frustração em atividade física, era uma boa válvula de escape. No entanto, o tempo continuava passando sem que ele soubesse o que de fato faria da vida.

Começou a frequentar uma psicologa com cerca de 16 anos de idade. Era a melhor da cidade. Pagava-a com o dinheiro das dezenas de bolsas de estudo que lhe pagavam. Ela notou que havia algo de errado com ele inicialmente, mas nunca conseguiu concluir suas suspeitas pelo simples fato de que Enzo era muito evasivo. Não contava mentiras mas também nunca contava a verdade, o que dificultava o trabalho. Visitou-a durante antes. Até mesmo ligava para ela em madrugadas que se sentia solitário, apenas para contar o que tinha em sua mente. Porém, o segredo que escondia lhe consumia cada dia mais, até que não aguentou: Cometeu seu primeiro assassinato. Foi fácil. Um bêbado das ruas de Roma que morreu afogado? Ninguém jamais pensaria que tinha sido um assassinato. Naquele momento sentiu algo que nunca havia sentido antes: Liberdade. Ao mesmo tempo, um pouco de desespero, pois agora não seria capaz de parar.

E de fato, não parou. Enzo começou a cometer uma quantidade abusiva de assassinatos, porém a maioria deles se justificava sem que fosse arquivado como assassinato. Deixou uma trilha de corpos para trás, sem que ninguém suspeitasse. Afinal, quem iria suspeitar do garoto gênio e dedicado? Seu disfarce durou alguns anos, até que um detetive vindo de fora do país finalmente ligou os pontos. Descobrindo a maioria dos cadáveres, começou a notar o padrão de assassinato de Enzo, até que um dia finalmente conseguiu capturá-lo. Foi um choque para os mais próximos dele, ainda que ele não tivesse ninguém próximo o suficiente - pelo menos em sua mente. Não disse uma palavra sequer antes de ser preso, não sentiu remorso ou arrependimento do que havia feito. Sabia que sua vida estava arruinada e, ainda assim, o sangue que havia retirado daquelas pessoas compensava sua vida inteira. Se pudesse, continuaria matando. Se fosse solto, continuaria matando.

Sua vida havia terminado, estava completamente satisfeito com tudo que havia feito e simplesmente queria que o deixassem em paz. Mas a vida é muito complicada para deixar um serial killer em paz na sua cela, certo? Depois de meio ano de prisão, ouviu o barulho das grades se abrindo para ele. O oficial lhe explicou que ele estava sendo solto, contanto que prestasse um serviço para o governo. Não entendeu muito bem o que o homem havia lhe dito até que foi levado para uma pequena sala com sua psicóloga. Aparentemente ela havia conseguido fazer com que lhe soltassem com uma condição: Ele teria de ser uma cobaia de testes para que entendessem melhor o que se passa na cabeça de um serial killer. Os detalhes seriam passados somente se ele aceitasse, coisa que ele fez, visto que a cadeia era um lugar bastante tedioso para um assassino. Saindo da prisão escoltado por vários guardas até um pequeno jato, adentrou-o com sua psicóloga. Seu destino? Suiça.